A depressão pós-parto é muito mais comum do que se pensa. E, muito menos falada do que devia.
A gravidez e o pós-parto, podem ser fases extremamente bonitas, mas também podem trazer alguns dissabores.
Ninguém te prepara para a montanha russa de emoções depois de teres o teu bebé nos braços. Ninguém te prepara para as noites sem dormir. Para a preocupação constante. Ou para a tua tentativa de te encontrares no meio de todo o barulho.
Sim, sentires-te deprimida depois do parto pode acontecer. Não, não é sinal de falhanço. É perfeitamente normal e, pode acontecer, a qualquer pessoa.
É normal que tenhas algumas questões sobre o tema: O que é? O que é? Quais são as causas e os sintomas? Os homens também podem ter esta doença? É possível tratar? Se sim, como?
Calma, aqui vais encontrar todas as respostas para as tuas dúvidas.
Estás pronta? Aperta o cinto e vem connosco. A viagem vai ser intensa.
O que é a depressão pós-parto?
Tal como o nome indica é uma forma de depressão que se desenvolve depois do nascimento de um bebé.
É uma doença relativamente comum, embora grave, e afeta uma em cada 7 mães após o parto. Podes sentir-te triste sem razão aparente, vazia ou sem emoções.
Além disso, pode causar alterações de humor, cansaço extremo (em alguns casos exaustão) e, uma sensação de desespero, até muito tempo após o parto.
Atenção: o facto de teres este problema não significa que és má mãe. A culpa não é tua. Se estás a sofrer com esta doença, fica a saber que não estás sozinha e vais recuperar. Acredita: vai correr tudo bem. É só uma questão de tempo.
Continua a ler para descobrires mais sobre este assunto.
Quais são os sintomas?
Algumas mulheres, nos dias seguintes ao parto, sentem-se tristes, vazias, mal humoradas e cansadas. Estes sintomas são conhecidos como “baby blues”.
Mas, este problema vai muito para além disso. Os sintomas podem variar de pessoa para pessoa e, podem manifestar-se de uma a três semanas após o nascimento do bebé.
Os sintomas podem ser graves e, em alguns casos, interferem com o desempenho das atividades do dia-a-dia. Alguns dos mais comuns são:
➡ Choro intenso;
➡ Desinteresse pelo bebé;
➡ Sentires-te desligada do teu bebé;
➡ Falta de energia ou de motivação;
➡ Sentir tristeza sem razão aparente;
➡ Alterações na relação com a comida;
➡ Ansiedade e sentimento de inutilidade;
➡ Ter pensamentos autodestrutivos em relação ao bebé e a ti própria;
➡ Alterações da rotina de sono: dormir demasiado, ou não dormir de todo;
➡ Dores de cabeça crónicas, dores de corpo generalizadas ou problemas de estômago.
Para teres uma noção mais concreta sobre a doença, lê aqui o testemunho de várias mulheres entrevistadas pela fotógrafa Rachel Papo.
Depressão pós-parto e baby blues: qual a diferença?
Apesar de terem sintomas idênticos, há bastantes diferenças entre eles, principalmente no que toca à:
1. Altura em que começas a ter sintomas:
➡ Se começas a sentir-te triste, ansiosa ou sobrecarregada duas ou mais semanas após o parto, podes ter depressão pós-parto;
➡ O “baby blues”, normalmente, não dura mais de duas semanas.
2. Gravidade dos sintomas:
A gravidade dos sintomas é uma questão subjetiva: o que tu consideras grave, pode não ser grave para outra pessoa. De qualquer das formas:
➡ O baby blues faz com que te sintas em baixo e fora de ti mas, normalmente, não afeta muito a tua qualidade de vida;
➡ Já no caso da depressão pós-parto, os sintomas são mais persistentes e duradouros.
Quais são as causas?
Se calhar já estás à espera desta resposta, mas ainda não há uma causa conhecida para este problema.
Os episódios depressivos após o parto, podem resultar de uma combinação de fatores físicos e de stress emocional. De seguida, vamos falar-te de cada um deles em detalhe.
1. Fatores físicos:
➡ Durante a gravidez, os níveis de estrogénio e progesterona são mais altos do que o habitual;
➡ Depois do parto, os níveis destas hormonas, voltam ao estado anterior (antes da gravidez);
➡ As alterações hormonais abruptas podem ter um papel importante no desenvolvimento da doença.
Outros fatores físicos que também podem desencadear esta doença são:
➡ Privação de sono;
➡ Abuso de álcool e drogas;
➡ Condições médicas subjacentes;
➡ Baixos níveis de hormonas da tiróide.
2. Fatores emocionais:
Alguns estudos sugerem que, passar por experiências stressantes durante a gravidez, pode ter um impacto significativo na probabilidade de desenvolver episódios depressivos após o parto.
Os fatores de stress emocional podem incluir:
➡ Divórcio recente;
➡ Problemas financeiros;
➡ Morte de alguém próximo.
E os homens? Também podem sofrer com este problema?
Sim, também pode acontecer, apesar de não ser tão frequente. Nestes casos, chama-se depressão pós-parto paterna.
Estima-se que entre 8 a 10% dos pais, tenham sintomas de depressão no primeiro ano após o parto.
É um problema bastante comum para os pais de primeira viagem. No entanto, fatores como historial de depressão e problemas de relacionamento também podem causar esta doença.
Nos últimos anos, têm sido feitos vários estudos sobre este problema. Podes ler um deles aqui.
É possível prevenir?
Temos de ser sinceros contigo:
Por muito que te prepares para a chegada do teu bebé, não sabes o que vai acontecer, como te vais sentir, ou se vai ser fácil ou não.
A depressão pós-parto é uma doença comum. Por isso, é complicado preveni-la. De qualquer das formas, conhecer os sinais e sintomas pode ajudar-te a gerir a doença e a obter tratamento mais rapidamente.
Há algumas medidas que podes adotar durante a gravidez, para diminuir a probabilidade de teres episódios depressivos no pós-parto:
➡ Frequenta aulas de educação pré-natal e pós-natal;
➡ Reduz ou evita na totalidade o consumo de álcool;
➡ Descansa e mantém uma boa rotina de sono (podes ficar a saber algumas estratégias para melhorares a qualidade do teu sono, aqui);
➡ Mantém uma dieta equilibrada;
➡ Pratica exercício físico diariamente ou sai para uma caminhada. Apanhar ar fresco é muito importante;
➡ Frequenta sessões de terapia interpessoal e/ou terapia cognitiva comportamental, durante a gravidez e no pós-parto, principalmente se já tiveres historial de depressão.
Como tratar a depressão pós-parto?
No meio disto tudo, temos boas notícias: esta doença tem tratamento.
Por isso, não ignores os sintomas. Não os desvalorizes. Se sentires algum deles, contacta o teu médico, para conseguires ter tratamento o mais depressa possível.
Há vários tipos de tratamento para esta doença. A forma mais rápida de resolver este problema, acontece quando conjugas todos eles.
Vamos saber quais são?
1. Medicação:
A prescrição de medicamentos por um profissional especializado é a forma mais comum de tratamento. Queremos, apenas, deixar algumas indicações:
➡ Os antidepressivos e os inibidores da recaptação de serotonina são os medicamentos mais prescritos;
➡ Estes medicamentos demoram, normalmente, entre 6 a 8 semanas a exercer o seu efeito;
➡ Não tomes a iniciativa de incluir um medicamento deste género na tua rotina, sem consultar o teu médico.
2. Terapia Cognitiva Comportamental (TCC):
Já falamos atrás da TCC. Mas, o que é?
A TCC dá-te um conjunto de estratégias para alterar os teus padrões de pensamento. Além disso, é importante para:
➡ Aumentar a autoconfiança;
➡ Reconhecer distorções de pensamento;
➡ Utilizar competências de resolução de problemas para lidar com situações difíceis.
O ideal é combinar a TCC com a medicação, para uma redução de sintomas mais eficaz.
3. Remédios Naturais:
Apesar de precisares sempre de consultar um profissional, há algumas medidas que podes adotar, para te ajudar a melhorar mais rápido:
➡ Mantém uma alimentação equilibrada;
➡ Pratica exercício físico;
➡ Medita ou pratica ioga;
➡ Faz uma caminhada num jardim ou na praia.
Então, para concluir:
➡ A depressão pós-parto é bastante comum. É importante reconhecer os sintomas, para procurar ajuda o mais rápido possível;
➡ Não te sintas mal. A culpa não é tua. Não és má mãe. Estás só a passar por um momento difícil;
➡ Procura as tuas pessoas. Quem te é próximo. Por muita vontade que tenhas, não te isoles. Vai ser muito mais difícil.
Queres ter acesso a conteúdos como este em primeira mão? Junta-te a nós e subscreve a nossa newsletter aqui.
Até à próxima.